sábado, 17 de março de 2007

Derrapagem

Para mim desespero não me faz lembrar um golpe de um lâmina, mas uma pancada seca, aliás várias pancadas secas e de modo ritmado. Cabeçadas na parede - tum, tum, tum...Dói a cabeça, não dor na zona da pancada, mas dor-de-cabeça mesmo. Não é como a dor de perda, cortante, aguda é uma dor crónica insidiosa, latejante. A isso associa-se uma sensação de impotência, não existe nada que possamos fazer, por mais que tentemos, para mudar a situação.
Diz-se que o povo português está desanimado, ou então que tem baixa auto-estima. Não.
Está desesperado, no sentido que descrevi em cima, não é que não tente sair da situação em que está, tenta e muito, desesperadamente. É como um carro a subir uma encosta íngreme, quanto mais se esforça mais patina. Por vezes avança um pouco e sente: é desta, mas depois o carro perde aderência e desliza uns metros para trás. Alguns têm um todo-o-terreno e tracção às quatro rodas chegam mais longe e mais acima, apenas para descobrir que a encosta tem muito mais inclinação á medida que subimos, inclinação demais até para um tt. Outros têm um gancho de reboque no tt, e são esses que se safam, alguém que está lá em cima desde os tempos em que a encosta era uma planície e pode gozar da vista do alto, coloca o gancho do guincho de quem quer e possibilita-lhes a subida a troca de favores, nunca os deixando esquecer que assim como colocaram o gancho facilmente o podem tirar.
Nada como uma mensagem deprimente como esta para estragar o dia ao povo todo. Com todo, quero dizer os que lêm esta porcaria, ou seja eu e a minha dentista.

1 comentário:

spring disse...

olá

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todos os dias falamos de um filme diferente

paula e rui lima