sábado, 9 de junho de 2007

A barreira maldita.



Estou de fora, a barreira impede-me de aceder ao paraíso. Já tentei rompê-la incontáveis vezes, não desisto, mas há muito que não tento.

Posso apenas admirar a beleza das musas com suas túnicas roxas. Queria tê-las, possuí-las.

Não posso entrar, dizem-me que se lá entrasse destruiria o jardim, conspurcaria a beleza. Digo que não, mas sei que sim. É o meu propósito, é o meu motivo de querer lá entrar!
Aproveitar-me, rebolar, esgaçar, abusar. Até este e o outro lado serem um só! Caos, único e igual. Não sei qual o maior prazer, se a violação do paraíso, se a contemplação do resultado de tal acto.

Não entrei, não consigo, a barreira não me deixa passar. Porém "entrei", não atravessei a barreira, mas lancei a semente. A "serpente" surge por entre as musas, corrompendo lentamente o jardim. Podem vê-la no centro, por entre o elo da barreira, o único que surge completo.

A degradação começou, lenta, insidiosa. Tudo será destruído. A culpa não é minha. É da barreira, de quem a colocou, de quem não a retirou! Maldita, malditos!

Eu queria uma destruição rápida, ruidosa, explosiva, rompante.
Eu queria raiva, ódio, luxúria. Tenho que me contentar com vingança, inveja, ciúmes.
O resultado, esse, é o mesmo. O caminho é que é outro.
Os fins justificam os meios? Talvez, eu preferia outros meios. Maldita barreira.

Nota: para quem não sabe, a planta que serpenteia no meio da imagem é uma silva. Planta daninha com picos que invade todo um terreno, sobrepondo-se a toda a vegetação.

1 comentário:

Anónimo disse...

Andas inspirado!